Vais dançar, não te pagamos nada, mas é uma oportunidade de divulgares o teu trabalho!
É-te familiar?
Este tipo de propostas não acontece apenas na dança oriental. Nem na dança. É transversal a profissionais de outras áreas, como músicos ou fotógrafos. Neste post vou falar apenas numa perspectiva de bailarina, pois é aquela que conheço.
Quando se contrata uma bailarina para dançar num evento, ela não se limita a chegar lá, vestir uma fatiota qualquer e dançar umas músicas. Um espectáculo envolve mais do que parece à primeira vista. Há que decidir que músicas, coreografias, fatos e adereços são adequados ao tipo de espectáculo, ao público e ao espaço disponível. Planear a actuação. A isto, seguem-se horas de ensaios para que tudo corra o melhor possível. Por outro lado, se queremos apresentar um trabalho com qualidade, temos de investir em formação (também ela de qualidade), fatos e outros materiais. E muitas horas de treino.
Portanto, quando é pedido um determinado cachet, leva-se tudo isto em conta. E quem contrata tem de entender que um espectáculo implica muito trabalho prévio e, como tal, deve ser pago.
Originalmente publicado na página do Facebook de InDancingShoes |
Compreendo que quem contrata nem sempre tenha possibilidade de pagar o que é pedido. Mas também acredito que, nestes casos, exista uma possibilidade de negociar e tentar chegar a um acordo. Agora, trabalhar a custo zero... não é justo. É desvalorizar por completo o nosso trabalho.
Lembrem-se: muitos vivem apenas do seu trabalho como artistas. Como esperam que aceitem trabalhar sem serem remunerados, apenas em troca de divulgação? Reconhecimento é óptimo, claro, mas infelizmente não paga as contas.